BIO





He’s not the baseball player that the Americans love so much and he’s not the writer from Uruguay that likes to be involved in noble causes. Even if he has good instincts like the first and the vision of the second, this Mário Delgado is Portuguese and guitarist, one of the more acclaimed in the new capital of universal jazz: Lisbon.

With classical studies, he learned to jazz in the school of the Hot Club of Portugal, and in this concert space he had the opportunity to play with many jazz giants from the States during their stay in this country. He frequented workshops with the likes of Bill Frisel, John Abercrombie, Barney Kessel, Kenny Burrell and Derek Bailey. You can’t hope for better training.

The Nineties found him interpreting standards, the mainstream ones but also some from the avant-garde scene. Transforming them in his own thing is a very struggled for pleasure he takes. In the change of the millennium he focused on his original compositions, namely in the context of Filactera, a project inspired in the world of comics. It was his definitive consecration: his Filactera quintet was voted best jazz Portuguese group for 2001, thanks to the very elegant free bop he proposes, with hints of rock and rhythm and blues, Be it hard driven or having the form of a ballad.

Another very well received project has his name and conviction on it: TGB, an unusual trio of tuba, guitar and drums with a strong New Orleans feel.






•Mário Delgado's records on clean feed
 













MÁRIO DELGADO

Mário Delgado nasceu em 62, começou os seus estudos na Escola de Jazz do Hot Clube, ainda quando José Eduardo e David Gausden leccionavam na cave da Praça da Alegria. Prosseguiu os seus estudos na Academia dos Amadores de Música onde estudou  guitarra clássica  com José Peixoto e Piñero Nagy, (completou o 8º Grau de Formação Musical, o 5º Grau de Guitarra Clássica e o curso básico de Acústica ).
Prolongou a sua formação envolvendo-se em seminários com alguns dos mais importantes guitarristas de Jazz contemporâneos como John Abercrombie, Bill Frisell, Ben Monder, Atilla Zoller, Kenny Burrel, Barney Kessel ou com mestres como Jimmy Giuffre, Red Mitchell, David Liebman, Steve Lacy, Han Bennink, Paul Motian e Joe Lovano, entre outros.
A sua experiência como pedagogo liga-o desde 1986 / 1999 à Escola de Jazz do Hot Clube (guitarra jazz, combo, harmonia e treino auditivo).
No período 97/2000 exerceu actividade docente na Escola Profissional de Almada, leccionando as disciplinas de Guitarra Eléctrica (Jazz) e classe de Conjunto.
Presentemente lecciona desde 99 na Escola de Jazz do Barreiro (guitarra Jazz e direcção do Ensemble da Escola) e desde 2005 na Academia dos Amadores de Música (guitarra improvisação) e Universidade de Évora. Para além de vários workshops, nomeadamente os cursos de Jazz de Loures e os II Encontros de Guitarra do Porto em 2000.
Participou em 1995 no " 6th Annual IASJ Meeting " (Encontro da Associação Internacional das Escolas de Jazz, que congrega Escolas como: Berklee College of Music de Boston , New Schooll of Jazz and Contemporary Music de New York , Taller de Musics de Barcelona e Hot Clube de Portugal) em Israel onde representou a Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal.
Desde 86  teve o previlégio de ter sido professor de alguns dos mais reputados guitarristas de jazz deste país, bem como de outros da escola clássica ou da área do rock.
Como músico de Jazz em 1992, Delgado junta-se ao guitarrista José Peixoto e ao percussionista José Salgueiro para desenvolver um projecto que culminará na gravação do álbum Taifas, cruzando um espaço musical que se abria ao universo das sonoridades árabes e mediterrânicas também presente na música do cantor Janita Salomé, com o qual Delgado gravou.
É ainda sob o signo do cruzamento de linguagens, mas desta vez numa aproximação heterodoxa às raízes portuguesas, que Mário Delgado e José Salgueiro se juntaram ao contrabaixista Carlos Barretto - para gravar Suite da Terra. O guitarrista divide-se actualmente entre vários projectos, nomeadamente Filactera, Filactera Redux, TGB, Trio de Carlos Barretto, Maria João e Mário Laginha, Quinteto de Rodrigo Gonçalves, Quinteto de Laurent Filipe, Carlos Bica “Single”.
Em 2005 recebeu o prémio Carlos Paredes atribuído pela Cãmara de Vila Franca de Xira ao disco Tuba Guitarra e Bateria do colectivo TGB (Carolino, Delgado, Frazão)

Discografia JAZZ

"Taifas"- José Peixoto, Mário Delgado, José Salgueiro
"Ad Lib(itum)" - Laurent Filipe & Orquestra Som do Mundo
"Suite da Terra" - Carlos Barreto, Mário Delgado, José Salgueiro
"Sempre" - Carlos Martins
“Silêncios” - Carlos Barretto Trio
“Filactera” - Mário Delgado
“Radio Song “- Carlos Barretto Trio + Louis Sclavis
“Undercovers” – Maria João e Mário Laginha
“Lokomotiv” - Carlos Barretto Trio + François Courneloup
“Tuba guitarra e bateria” – TGB – Delgado, Carolino e Frazão
“Tribology” – Rodrigo Gonçalves com Mark Turner e Perico Sanbeat
“Luz” – Laurent Filipe
“Tralha” - Maria João e Mário Laginha
“João” – Maria João
“Deambulações” -Jorge Moniz
“Labirintos” - Carlos Barretto Trio
“Matéria Prima” – Carlos Bica
“Evil Things” – TGB – Delgado, Carolino e Frazão


Discografia MÚSICA PORTUGUESA

“ Feia Bonita “ - Anamar
“ Lua Extravagante “ - Lua Extravagante
“ A Cor da Fogueira “ – Mafalda Veiga
" Raiano " - Janita Salomé
" A Voz e a Guitarra" -  "A Voz e a Guitarra"
“ Ao Vivo” - Orquestra Sons da Lusofonia
“ Canção do Bandido “ – Vitorino
“ Tatuagem “ – Mafalda Veiga
" Vozes do Sul " - Janita Salomé
“ Cristal ” – Ala dos Namorados
“ À Porta do Mundo “ – Filipa Pais
" Tão Pouco e Tanto " - Janita Salomé
“ Norte “ – Jorge Palma
“Mentiroso Normal” – Ala dos Namorados
" Estrela do Vinho " - Janita Salomé
“Abril” – Cristina Branco
“Kronos” – Cristina Branco
“Xinti” – Sara Tavares

Discografia MÚSICA PORTUGUESA  (produtor)

“ Eu “ – Isabel Silvestre
“ Aqui Tão perto do Sol “ – Paulo Ribeiro
“Feitiço” – André Sardet

DISTINÇÕES



- O Concerto Filactera no Angra Jazz 2001 foi incluído na lista dos melhores concertos do ano no Site  “Jazz Portugal” 





-O CD “Filactera” de Mário Delgado editado em Abril de 2002 para além de grandes elogios pela crítica especializada foi considerado na lista dos melhores discos do ano (Expresso, Blitz e All Jazz)

-O concerto TGB no Braga Jazz foi incluído na lista dos melhores concertos de Jazz de 2003, pelo Diário de Notícias.

-O concerto TGB no Festival de Jazz de Lagos foi incluído nos melhores concertos do ano de 2004 pelo site jazzportugal.




-O CD TGB foi incluído na lista dos melhores discos de 2004 pelo jornal Expresso e Diário de Notícias

-O tema “Só” do disco TGB  foi incluído no CD “Exploratory Music from Portugal” lançado pela revista WIRE no final de 2004.

-Em 2005 recebeu o prémio Carlos Paredes atribuído pela Cãmara de Vila Franca de Xira ao disco Tuba Guitarra e Bateria do colectivo TGB (Carolino, Delgado, Frazão).

-Menção honrosa na Festa do Jazz 2006 ao combo da Escola de Jazz do Barreiro



ENTREVISTA

Jazz com cor e sabor Versão para impressão

No princípio era o Hot Clube. A história de Mário Delgado, 45 anos de idade e um percurso que o coloca entre os melhores guitarristas portugueses da actualidade, poderia começar assim. Foi na histórica sala da Praça da Alegria, já lá vão 25 anos, que ele deu os primeiros passos como músico de jazz. Quem o vê, na rua ou em palco, não consegue imaginar que, por trás daquele homem com ar de menino tímido está um talentosíssimo músico, dos raros que, ao fim de tantos anos, mantém intacta a capacidade de se espantar com as coisas boas que ainda há no mundo. É muito bom ouvi-lo tocar. E conversar com ele também.
– Hot Clube. Foi aí que tudo começou?
– Sim. Quando fui estudar música, entrei para o Hot, com o meu amigo Pedro Madaleno. Foi para aí em 1982. Inscrevemo-nos nas aulas do Hot, e comecei a tocar. Quer dizer: eu já tocava um bocado e queria estudar música, mas foi esse primeiro ano no Hot Clube que mudou a minha vida toda.
– Mudou, como?
– Eu vi que, se calhar, a música era uma coisa de que eu gostava, enquanto que o resto – eu ia estudar Engenharia – era apenas um «traçado genético», pelo facto de o meu pai e o meu irmão serem engenheiros, que eu achava que devia seguir. Mas não sabia muito bem sequer o que isso era...
– Foi então nessa altura que o engenheiro acabou e nasceu o músico?
– Foi um ano depois. Eu ia entrar para Engenharia, cheguei a inscrever-me na Faculdade, e andei uns meses em que um dia dizia que ia desistir, no dia seguinte já dizia que não. Mas acabei por desistir...
– Mas o gosto pela música já vinha de trás?
– Sim, sim. O meu gosto pela música deve-se sobretudo ao meu irmão mais velho. Temos uma diferença de 14 anos, ele era grande consumidor de rock (e ainda hoje é) e viveu tudo aquilo dos anos 60. E eu desde que nasci que ouvia a música que o meu irmão tinha. Devo ter ouvido todos os discos dos Beatles ou dos Stones na altura em que eles saiam – se bem que cá eles chegavam com algum atraso. Brincava a ouvir isso. E mais tarde, quando comecei a interessar-me por música, aqueles discos eram uma coisa que eu já conhecia sem saber porquê. Deixei de brincar e passei a coleccionar discos. (risos) E depois comecei a «chatear» os meus pais para me comprarem uma guitarra. Foi assim que tudo foi começando.
– Tiveste a primeira guitarra com que idade?
– Pr’aí aos 14 anos. Tive a guitarra, mas não havia dinheiro para ter aulas. Fui aprendendo com os colegas do liceu...
– Nessa altura ainda não pensavas que ias ser músico. Como é que foi a reacção dos teus pais quando decidiste abandonar o curso em que tinhas acabado de entrar? Imagino que tenha havido um pequeno drama familiar...
– Não, o problema é que não houve nenhum drama. O meu pai disse-me: «Olha, a vida é tua, se achas que é melhor assim, faz isso.» Não me chateou nada, só que me deixou com uma carga de responsabilidade que foi como se, de repente, ele me tivesse posto fora de casa (risos). Foi como se me dissesse: «Olha, agora estás por tua conta.»
– E tiveste que «fazer pela vida»...
– Sim. Naquela altura não havia a quantidade de músicos que há hoje. Havia músicos de muita qualidade – como também há hoje – mas o meio era muito mais pequeno do que é hoje em dia. Ou seja: era mais fácil para um músico jovem, com pouca experiência, começar a tentar fazer qualquer coisa. Se bem que hoje em dia também é mais fácil, se calhar, arranjar escolas que ensinam música, que não têm a ver com o conservatório ou com a música clássica. Na altura, a única escola que havia era o Hot Clube.
– O jazz foi uma opção, já na altura?
– Sim. Eu ouvia muito rock, até que um dia ouvi jazz tocado na guitarra. O jazz tocado por saxofones, por trompetes, nunca foi uma coisa que me dissesse muito. Mas de repente um dia ouvi o Fredo Mergner tocar na televisão, era jazz tocado na guitarra, e aquilo soube-me muito bem. Foi assim como uma janela nova que se abriu para mim, e foi assim que eu fui parar ao jazz. Depois quando entrei na escola, tive a sorte de ser na altura em que o Zé Eduardo, o contrabaixista, ainda estava lá a dar aulas. E, durante um ano, aprendi de uma forma sui generis. Porque a escola funcionava na sala do Hot, os alunos sentavam-se nas mesmas mesas onde ainda hoje as pessoas se sentam para assistir aos concertos. Era ali que se processava tudo. Depois de estar no Hot, senti a necessidade de estudar música mais formalmente. E fui estudar guitarra clássica para a Academia dos Amadores de Música enquanto continuei no Hot.
– Essa aprendizagem mais formal, como tu dizes, serviu de complemento, ajudou-te a seres um músico mais multifacetado?
– Eu pertenço a uma geração em que se gostávamos de uma coisa tínhamos de ir à procura dela. E não havia um «pacote» que nos desse tudo o que queríamos. Hoje, se alguém quer estudar jazz inscreve-se numa escola onde está tudo mais ou menos formatado nesse sentido. Na altura, isso não havia. Se eu queria mais alguma coisa da guitarra que não fosse o modo tradicional do rock ou do jazz tinha de ir procurar outros sítios. Se calhar por isso eu sinto que, actualmente, não é tão fácil ser-se um músico multifacetado. Porque quando se entra numa escola, a escola está formatada naquele estilo ou naquele tipo de ensino e a paleta sonora pode não se conseguir alargar tanto.
– Isso não é necessariamente bom.
– Pois não, mas por outro lado as pessoas, dentro desse estilos, ficam mais especializadas, mais fortes...
– Mas tu és um músico mais abrangente, digamos...
– Como os meus gostos musicais se repartem por muitas coisas diferentes, a minha maneira de tocar também consegue viajar assim, de formas diferentes. E há uma coisa que eu uma vez li e em que penso sempre: é que quando se deu alguma revolução musical, as pessoas, os protagonistas ouviam coisas que não era suposto pertencerem a esse meio musical. O que o Paul McCartney e o John Lennon ouviam na altura dos Beatles não era provavelmente o que toda a gente ouvia naquela altura. O que o Miles Davis ouviu não era provavelmente o que os seus contemporâneos do jazz ouviam...
– E tu, o que é que ouves?
– Por acaso agora ando numa «crise», preciso de ouvir coisas diferentes. Ultimamente ouço bastante rock, às vezes procuro ouvir coisas que não conheço das novas gerações, às vezes descubro coisas antigas que não cheguei a conhecer. E ouço também jazz. Se bem que, no jazz, gosto mais de ouvir coisas mais antigas do que as que estão mais «na moda». Gosto do jazz que cheira àquelas fotos a preto e branco...
– Tu és um músico que trabalha com gente muito diferente. Estou a lembrar-me do Carlos Barretto, do Zé Salgueiro, do Janita, do José Mário Branco, da Maria João... Como é que conjugas essas diferenças todas em ti?
– De muita gente com quem eu tive o prazer de trabalhar, eu era já consumidor dos discos. Eram pessoas por quem eu nutria grande admiração. Musicalmente – e quanto mais velho estou, mais fácil é sentir isso – tento tocar da mesma maneira que em qualquer outra circunstância. Tento, de certo modo, canalizar esse meu eu para aquela música, em vez de propriamente me cingir ao estilo em que estou e ter que mudar a minha maneira de tocar em relação à pessoa A ou B com quem tenho de me inserir. Cada vez mais tento que seja igual a mim próprio e que possa tocar da mesma maneira como toco normalmente.
– Enquanto espectador, a sensação que tenho quando te vejo tocar é de uma grande entrega. Dá-me a ideia que estás tu, a música que estás a tocar e aquele grupo de pessoas, tudo num entrosamento muito grande...
– Isso é um grande elogio, mas pela parte que me toca, geralmente estou sempre com medo de me enganar... (risos) O que eu noto é que quanto mais velho estou, menos compartimentado estou. Dantas sentia, por vezes, que era o eu do rock, ou o eu do jazz, ou o eu das canções. Hoje em dia já não sinto essas separações tão visíveis.
– Já estiveste em vários projectos musicais. O mais recente é o TGB...
– O TGB é uma formação de sucesso artístico que começou há cerca de uns quatro anos. Quer dizer «tuba, guitarra e bateria». Foi uma coisa que começou com a ideia do Alexandre Frazão, um grande baterista, de fazer uma combinação pouco normal de instrumentos, e o que contribuía para isso não era a bateria nem a guitarra, era a tuba. Ainda por cima por ser um tubista virtuoso como o Sérgio Carolino. O grupo começou assim, e fizemos concertos ainda durante cerca de um ano, antes de gravarmos um disco. E continuámos sempre a tocar, se calhar por causa da originalidade. Mas, agora, creio que a originalidade já não é a pedra basilar do grupo. São mesmo as três pessoas que o compõem.
– Além de instrumentista, és também compositor...
– Eu considero-me mais instrumentista, mas é verdade que também componho. Fiz o «Filactera», um disco que é uma homenagem à banda desenhada. Foi uma maneira de eu, como compositor, não ter que pensar muito em escalas ou acordes... Às vezes é bom fazer música para um filme e, em vez de estar a pensar apenas em música, em notas, pensar em imagens. Nesse disco fiz uma viagem pelo meu imaginário mais juvenil e procurei pensar mais na banda desenhada, nas sensações que tinha tido quando li aqueles livros há muito tempo. Cada peça é dedicada a um herói ou a um autor de banda desenhada. Ultimamente tenho estado a fazer música para um pequeno filme de animação com desenhos dos André Letria, o que de certa forma fez-me reviver o «Filactera»
– És uma pessoa que vai buscar muitas motivações à literatura, às outras artes que não a música?
– Eu acho que isso é importantíssimo, e fiz isso com a banda desenhada. Fiz também uma vez um concerto em que eu tocava sozinho que era inspirado no D. Quixote, na altura da comemoração dos 400 anos.
– O Quixote remete-nos para a lógica do sonho...
– ...e das aventuras, é o grande livro de aventuras.
– Há alguns músicos que vivem muito confinados apenas ao universo da música, é uma «deformação» se calhar normal e comum a várias artes. Tu és um tipo com outros interesses artísticos para lá da música?
– Infelizmente, nos últimos tempos tem sido assim também comigo. Não tenho tido tempo para ler muito, às vezes ainda consigo ver alguns filmes... Mas tenho outros interesses, sim. Estou, com muito orgulho, num projecto de dança com coreografia de Madalena Vitorino e música do Carlos Bica (somos os dois a tocar), e é bom estar numa coisa em que não existe apenas a nossa música, mas também não é só um bailado, é a mistura das duas coisas. É bom fazer música, mas estar a pensar mais nas emoções que se estão a receber do outro lado.
– E quanto a esta «estranha forma de vida» que é a dos músicos, dos artistas em geral? És dos que se queixam muito?
– Há alturas em que há menos trabalho, outras alturas em que há trabalho a mais. Geralmente quando há pouco trabalho não se tem dinheiro, mas tem-se tempo para programar o futuro. É um modo de vida diferente, eu não gosto muito de me queixar. É como diz o Sérgio Godinho: «Só neste país é que se diz só neste país». Às vezes temos muita tendência para nos queixarmos, para dizer mal. Eu, agora, mesmo com coisas que não são assim tão boas, tento encontrar alguma coisa de positivo. Mas também é verdade que, no estado geral do país, se calhar não há assim tanta razão para isso. Mas não vou entrar em grande cataclismos, apesar de tudo.
– Um dos teus projectos mais recentes teve a ver com a música de Zeca Afonso: o espectáculo, que vai ser também um disco, com a Cristina Branco, onde tiveste uma participação importante ao nível dos arranjos...
– Tivemos todos, nesse projecto.
– Há ali alguns arranjos bastante arrojados, que se calhar vão criar alguns incómodos...
– Durante os ensaios, eu sentia que algumas coisas que fazia tinham um som um pouco «americano», e às vezes brincava e dizia que aquilo era uma espécie de Zeca Afonso misturado com Norah Jones. Mas bem vistas as coisas, já muitas vezes em discos do próprio Zeca ele está próximo disso. Num disco de que eu gosto muito, o «Galinhas do Mato», há um tema, o «Década de Salomé», onde o Júlio Pereira toca banjo, é um sonoridade que de certa forma já existe em coisas que o Zeca fazia.
– E agora?
– Não sou assim muito de fazer projectos. Provavelmente vou querer fazer outro disco. Mas eu trabalho muito como sideman e começo a ter a agenda muito ocupada para trabalhar as minhas coisas. Eu gosto de trabalhar com outras pessoas, tenho a sorte de trabalhar com pessoas de que sou fã, mas às vezes se calhar não tenho tanto espaço para as minhas coisas. Gostava de fazer um grupo que fosse guitarra e uns três sopros...
– Com músicos novos?
– Há muitos bons músicos novos. E, na minha área, há uma geração nova de guitarristas de jazz que são grandes talentos.
– Não és dos que dizem que no teu tempo é que era bom?
– Não, no meu tempo era fácil, porque havia músicos que eu admirava muito, mas havia muito menos músicos. Hoje há mais. E, no jazz, há coisas incríveis a acontecer. Gosto mais desta época do que de há uns dez anos atrás.

Autores | Abr-Jun 2007 
Viriato Teles

AGENDA / CONCERTS

UPCOMING SHOWS

•Lx Braço de Prata
22/7/11 
23h
Júlio Resende Trio + Mário Delgado  




•Porto Hard Club
23/7/11
Carlos Barretto Lokomotiv
Mário Delgado, José Salgueiro




•Sertã
13/8/11 
LED ON
The Led Zeppelin Attitude Band 


•Porto Covo
28/8/11 
LED ON
The Led Zeppelin Attitude Band






PAST SHOWS
 
•Serpa
5/5/11
Baile Popular








•LX (TBA)
6/6/11
Carlos Barretto Lokomotiv
Mário Delgado, José Salgueiro





•Cascais
9/6/11 
Interjazz - Ciclo de Jazz em estudo  
Workshop em Cascais 17h
Auditório Fernando Lopes Graça, Parque Palmela, Cascais

•Alfandega da Fé
11/6/11
Baile Popular

•Lx CCB
16/6/11
Carta branca a Carlos Tê
http://www.ccb.pt/sites/ccb/pt-PT/Programacao/Musica/Pages/cartabrancaaCarlosTejunho2011.aspx 

•Mértola
24/6/11
Baile Popular

•Vila Franca de Xira
2/7/11
Baile Popular

•Lx, Universidade Lusíada
4/7/11 a 8/7/11
Curso de Verão 
Música Moderna Jazz e Pop Rock
http://www.lis.ulusiada.pt/cursos/anolectivo20112012/cursosverao/musicamoderna.aspx


•Lx, Goethe Institute
5/7/11
TGB
Carolino/Delgado/Frazão





MUSIC

 Thanks to all musicians and owners of the copyrighted material here exposed.


Muzicons.com
I'm a Poor Lonesome Cowboy (Reprise) (©Mário Delgado)
Filactera - Clean Feed 2002
MD - acoustic guitar
Claus Nymark - trombone


Muzicons.com
Pascoal Joins The Dark Force (©Mário Delgado)
TGB - Clean Feed 2004
MD - gtr
Sérgio Carolino - tuba
Alexandre Frazão - drums


Muzicons.com
Marcha Das Múmias Loucas / Gelati Blues (©Mário Delgado)
Filactera - Clean Feed 2002
MD - gtr 
Andrzej Olejniczak - tenor sax
Claus Nymark - trombone
Carlos Barretto - ctb
Alexandre Frazão - drums



Muzicons.com
George Harrison (©Mário Delgado)
TGB / Evil Things - Clean Feed 2010
MD - gtr fretless baritone
Sérgio Carolino - tuba
Alexandre Frazão - drums


Muzicons.com
Labirintos (©Carlos Barretto)  
Lokomotiv -  Clean Feed 2010
MD - gtr, kaos pad, loops
Carlos Barretto - ctb
José Salgueiro - drums


Muzicons.com
D.C. (©Carlos Bica) 
Matéria Prima - Clean Feed 2010
MD - gtr, loops
Carlos Bica - ctb
Matthias Schriefl - trp
João Paulo - organ
João Lobo - drums


Muzicons.com
Black Dog (©Page, Plant, Jones)
TGB - Clean Feed 2004
MD - gtr
Sérgio Carolino - tuba
Alexandre Frazão - drums


Muzicons.com
Cerejeira das Cerejas Pretas Miúdas (©Janita Salomé, Carlos Mota de Oliveira)
Tão Pouco e Tanto - Capella 2003
Janita Salomé - voice
MD - acoustic gtr, Ebow


Muzicons.com
Valsa Brasileira (©Edu Lobo, Chico Buarque)
João - Universal 2007
Maria João - voice
MD - acoustic baritone gtr, Ebow

CRÍTICAS / REVIEWS

TGB  Jazz.pt | Festa do Jazz REPORT por Rui Eduardo Paes

... "Já os Tuba, Guitarra, Bateria de Sérgio Carolino, Mário Delgao e, de novo, Alexandre Frazão estiveram em alto nível. Música daquela só virtuosos conseguem criar, seja pelos difíceis sincronismos e velocidades como pelas abruptas mudanças de rumo realizadas em bloco. Com a tuba, Carolino esteve em permanentes idas e vindas entre papéis rítmicos e melódicos, Delgado usou (e abusou, em certas alturas gratuitamente) a sua pedaleira de efeitos guitarrísticos para entrar nos domínios ora do blues-country-rock, ora de um "prog" eivado de jazz, ora do death metal, e Frazão foi um fabuloso gestor de "beats" e texturas, combinando padrões rítimicos de variadíssimas proveniências. O alinhamento foi o do recente "Evil Things" e ganharam com o factor "live" tanto a performance como a qualidade das composições. Simplesmente magnífico e o segundo abanão do certame." ... RUI EDUARDO PAES

  
Portuguese Jazz Fest
Pubblicato: April 27, 2011

Di Jos DeMol
 
..."Uno dei migliori gruppi del festival è stato TGB ( tuba, chitarra, batteria), un trio straordinario composto dal chitarrista Mário Delgado, Sérgio Carolino alla tuba e Alexandre Frazão alla batteria. Delgado è uno dei chitarristi più inventivi d'Europa nel mescolare rock, jazz, country e influenze mediterranee. Sia accompagnando la cantante di fado Cristina Branco, sia suonando nei gruppi di Carlos Barretto, Carlos Bica e TGB, non manca mai di sorprendere. Carolino è un genio alla tuba. È uno straordinario virtuoso del proprio strumento e ha una vasta varietà di idee stimolanti. Ancora una volta Frazão è stato brillante." 


Riffs & Trides:
TGB
10 de Junho de 2010, 22.00h
Cafetaria Quadrante – CCB (Lisboa)

"TGB (não confundir com o comboio que ligará, um dia, Madrid a Alcochete… ou será ao Poceirão?) significa simplesmente tuba, guitarra e bateria, e é o nome escolhido por uma das mais originais e conseguidas formações da música nacional.
Com dois álbuns brilhantes gravados, o mais novo lançado este ano com o título “Evil Things” (oh yeah, i’m evil too!), os TGB estão longe de constituir mais um trio de guitarra, com a tuba a desempenhar o papel de contrabaixo.
A enorme mais-valia desta formação reside precisamente no facto de prescindir de uma liderança individual clara e teimar em distribuir as tarefas criativas pelos três elementos que a compõem, mesmo sabendo-se das dificuldades de protagonismo geralmente associadas a instrumentos como a bateria e a intimidatória tuba!
Mas Alexandre Frazão e Sérgio Carolino não são músicos vulgares… São dois fantásticos virtuosos dos seus instrumentos que acolhem de braços abertos o desafio, e o levam por mares nunca dantes navegados, levado pelas correntes da sua enorme inspiração e técnica.
Neste trio todos compõem, todos solam, todos contribuem de corpo e alma para a enorme energia transmitida pela sua música, com momentos verdadeiramente sublimes de técnica assombrosa e de rara inspiração.
Poucos trios conseguem exprimir-se com tal veemência no jazz moderno.
À enorme e conhecida versatilidade de Mário Delgado e Alexandre Frazão junta-se a surpreendente irreverência de Sérgio Carolino. O tubista tem talentos notórios e reconhecidos, dentro e fora de portas, no que à música clássica concerne. Mas isto de tocar música improvisada numa tuba, ainda por cima com a fluência exibida neste TGB, não é seguramente para todos!
O trabalho de Delgado é quase uma extensão daquele que desenvolve no trio Lokomotiv, de Carlos Barretto. No entanto este trio é fortemente marcado pela personalidade musical do contrabaixista, o que não sucede aqui. Outro guitarrista tenderia a assumir a liderança desta formação, até pelas limitações melódicas e harmónicas dos outros dois instrumentos. Não foi esse contudo o caminho escolhido por Mário Delgado, um músico que além de uma técnica incontornável possui uma notável capacidade de adaptação aos mais díspares ambientes musicais. Aqui trabalha extraordinariamente, mas sempre para o grupo, nunca em busca de protagonismo fácil. A sua guitarra soa contudo mais dócil neste TGB, quando comparada com o trabalho desenvolvido no Lokomotiv. O som é geralmente mais limpo, numa opção estética que permite à tuba complementá-la frequentemente, partilhando as funções melódicas de um modo mais assumido. A música dos TGB ganha bastante com isso.
Alexandre Frazão é aquele fenómeno que todos conhecemos. A sua busca de padrões, sonoridades e texturas na bateria é incessante e obstinada. Fá-lo com uma riqueza e clareza raras. Tais qualidades são amplamente aproveitadas em projectos com piano, como o trio de Mário Laginha ou de Bernardo Sassetti. Mas aqui deram-lhe rédea solta e este simpático luso-brasileiro de Niterói, revela-se um verdadeiro Mustang, na força, elegância e nobreza com que abraça a tarefa. No TGB Alexandre Frazão vai buscar toda a sua enorme bagagem musical e junta a subtileza textural do trio de Bernardo Sassetti com a energia bruta de Black Dog dos Led Zeppelin! Um assombro de vigor e talento.
Um concerto inspirado por uma das mais talentosas formações do jazz actual, nacional e internacional. Nada menos que perfeito."



TGB "Tuba Guitarra e Bateria" in All About Jazz

TGB "Tuba Guitarra e Bateria" in All About Jazz #2

TGB "Evil Things" in All About Jazz






FOTOS

TGB (Mário Delgado, Alexandre Frazão, Sérgio Carolino) Foto de DaFonseca
TGB / Foto de DaFonseca
Festival de Jazz de Bruges


Com Jorge Palma / Foto de DaFonseca

Led On / Foto de DaFonseca
Entrevista para SPA

Foto de DaFonseca


Foto de DaFonseca